terça-feira, 31 de outubro de 2017

A reforma protestante, 500 anos depois

por Magali do Nascimento Cunha* publicado 31/10/2017 01h00, última modificação 30/10/2017 10h52
 
Cinco séculos atrás, Martinho Lutero pregava suas 95 teses na porta da igreja do castelo de Wittenberg. O que mudou desde então? 
 
 
Nesta terça-feira, 31 de outubro, igrejas protestantes em todo o mundo celebram os 500 anos da Reforma Protestante. Esse dia ficou conhecido como aquele em que o monge alemão Martin Luther teria pregado suas 95 teses na porta da igreja do castelo da cidade alemã de Wittenberg. Elas representavam uma tomada de posição contra o que Lutero considerava práticas abusivas do clero católico romano, como a venda de indulgências (uma forma de perdão dos pecados), e posições doutrinárias que desviavam dos valores primeiros da fé cristã.

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Paulinho Fonteles, uma vida de luta!

A noite cai
e penso em ti, minha mãe.
Minhas botas estão sujas

pelos dias com meus companheiros,
mas meu coração está limpo

e sereno
e nutro grandes esperanças.
Sou todo combate.
(Poema de Paulinho Fonteles para sua mãe, em agosto de 2009)

Mametu Nangetu, Pr. Toninho, Rev. Marcos Barros, Alcidema Coelho e Pe. Bruno Sechi
Paulo Fonteles Filho nasceu na prisão. Sua mãe Hecilda Veiga havia sido presa no quinto mês de gestação por lutar pela democracia. Seu pai Paulo Fonteles também foi preso no mesmo período e pelo mesmo motivo.
Aos quinze anos, em 1987, Paulinho perdeu seu pai assassinado por pistoleiros. Pois, como deputado estadual e advogado atuante nas causas de trabalhadores rurais, incomodava os interesses do latifúndio e das elites do estado.
Dramas estes que o lapidaram como um militante incansável.
Foi liderança estudantil e vereador de Belém por dois mandatos, pelo PCdoB. Atuava na Comissão da Verdade do Pará e presidia o instituto Paulo Fonteles de Direitos Humanos, numa luta incansável na disseminação dos valores democráticos, o que lhe rendia várias ameaças de morte.
Como se autodefine no poema para sua mãe Hecilda, professora da UFPA, era "todo combate".
Até na sua despedida Paulinho Fonteles fez o que mais gostava: juntar o povo, lutadores e lutadoras pela igualdade e justiça. Como vemos na foto, onde representações religiosas preparam ato inter-religioso no salão da Assembleia Legislativa do Pará.

Por Tony Vilhena

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Voto evangélico? Não é bem assim

 
A última pesquisa Datafolha sobre a influência de líderes religiosos na política revela: os fiéis não devem ser tratados como um grupo monolítico 
 
A última pesquisa do Instituto Datafolha, destacada na primeira página da Folha de S. Paulo em 23 de outubro, revela aspectos interessantes para se discutir a relação entre religião e política no Brasil.

O primeiro mostra que somente uma pequena parcela dos brasileiros, 19%, leva em conta a opinião de seus líderes religiosos quando estes fazem campanha por algum candidato. Entre os evangélicos, 26% dizem considerar esta orientação. O índice sobe para 31% entre fiéis neopentecostais. Entre os católicos, a taxa é de 17%, um pouco abaixo da média. Apenas 9% dos entrevistados disseram já ter votado em alguém indicado por líderes da igreja.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Como será o FSM 2018 em Salvador? Participe da consulta


Como será o FSM 2018 em Salvador?

O Grupo Facilitador do FSM 2018 consulta organizações e movimentos internacionais sobre papel do FSM e chamadas das lutas que virão a Salvador. Você também pode participar respondo aqui mesmo nos comentários.  Tudo será recolhido para orientar  formato e territórios temáticos do FSM. Confira as questões.

  • Pergunta 1: Qual é a sua organização ou movimento?
  • Pergunta 2: Qual é o papel do FSM 2018 para transformação da sociedade?
  • Pergunta 3: O que sugere como metodologia para o FSM 2018?
  • Pergunta 4: O que você(s) pode(m) fazer pelo FSM 2018?
  • Pergunta 5: Qual é o seu grito / lema / palavra força da sua luta de resistência para um outro mundo possível? (Observação: esses gritos / palavras força / lemas devem ajudar a subsidiar a definição dos eixos temáticos (ou de resistência) do FSM 2018.)
Clique aqui e dê sua contribuição

sábado, 7 de outubro de 2017

Círio e subversão

Amanhã é dia de celebrarmos o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, em Belém do Pará.

A música, a poesia e a literatura descrevem com beleza e maestria, de todos os ângulos possíveis, a grande festa religiosa que move multidões em romarias...
Bem. Meu olhar sobre o Círio é literalmente assaltado pelo aspecto da subversão que a festividade apresenta.
O Círio não é de uma religião ou de uma igreja. .. ele é  do povo. O Bispo até tenta impor sua autoridade clerical, veste-se com as roupas pomposas, anda como se estivesse saindo de carruagens medievais, emite sermões com a opinião da Igreja, mas o povo está vidrado na "Santinha". O ano que a Igreja disser que não vai ter Círio, o povo dará de ombros e sairá da Sé à Nazaré no segundo domingo de outubro, tranquilamente.
O governo, a polícia, as "autoridades" emitem notas, se arrumam para aparecer na tv, fazem de tudo pra ficar no "núcleo de poder" que tem no centro a Berlinda, quanto mais próximo da Berlinda, mais status e prestígio se tem. Entretanto, quem tem intimidade com o sagrado de verdade sãos as vovozinhas que lá de longe acenam suas ventarolas para a "Nazica" , "Naza" ou "Nazinha".  Eu penso... égua ,  isso sim é in-ti--mi-da-de.
Aqui, como não é um tratado de antropologia, nem vou falar do Auto do Círio, da Festa da Chiquita (lacrou, mana!!!), do arraial, da diversidade religiosa transversal que há em cada manifestação, enfim, todo cenário paradoxal entre sagrado e profano que está presente por todos os cantos da cidade.
Por fim, registro outro traço interessante e subversivo do Círio. É o de se celebrar a força e a divindade de uma mulher. Uma Igreja comandada por homens, uma sociedade que a cada quatro segundos violenta uma mulher, têm que se render, se ajoelhar, rememorar a história de uma mulher que engravidou jovem, na periferia da periferia de uma cidade chamada Nazaré, solteira,  que foi inicialmente abandonada até pelo noivo, mas que guardou no seu ventre uma possibilidade de acabar com a humilhação que seu povo sofria dos romanos, de trazer à tona uma vontade coletiva de dizer NÃO  para os senhores, de se pensar como seria viver de outra forma... Tanto que quando Jesus nasceu, Maria e José tiveram que fugir pra África para os governantes não o matarem.
É esta Maria que celebro. Nela vejo minha vó, minha mãe, minha filha, minha companheira, todas as mulheres que levantam a cabeça e aceitam o desafio de encarar a vida de forma transformadora e empoderada, que no dia a dia são chamadas loucas, de bruxas, de putas... mas resistem e resistem.
É assim que quero desejar um feliz Círio para as pessoas que amo. Que seja um Círio ainda mais especial do que os dos outros anos. Um feliz Círio subversivo.

Tony Vilhena
Cientista social e mestre em ciências da religião

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Participe do Seminário “Diversidade Religiosa: Respeito à Religião também é um Direito”


Nos próximos dias 10 e 11 de outubro, ocorrerá o seminário “Diversidade Religiosa: Respeito à Religião também é um Direito”. Evento organizado pelo Comitê Nacional de Respeito à Diversidade Religiosa (CNRDR), Ouvidoria do Sistema Estadual de Segurança Pública e Defesa Social (SIEDS) e Grupo de Trabalho de Matriz Africana do Conselho Estadual de Segurança Pública (Consep), em parceria com a Defensoria Pública do Estado do Pará e Delegacia Geral. O seminário será das 8h30 da manhã às 17 horas, no auditório A da Delegacia Geral e contará com a presença de diversas autoridades religiosas e representantes do Estado. O Seminário discutirá o tema respeito à diversidade religiosa no Pará.

Na ocasião, a instalação do Comitê Estadual de Respeito à Diversidade Religiosa no Pará também será foco do evento. Na data de 11 de outubro, segundo dia do seminário, haverá uma reunião de institucionalização do Comitê Estadual de Respeito à Diversidade Religiosa no Estado do Pará, que foi solicitada pelo Comitê Nacional de Respeito à Diversidade Religiosa, ligado ao Ministério Nacional de Direitos Humanos e que deve contar com a participação de diversos representantes de instituições religiosas, além de autoridades e gestores de políticas públicas.

Para a sacerdotisa de nação Angola do Candomblé, Mametu Nangetu, que está no segundo mandato como representante do Pará no CNRDR, fazer a cultura de paz e ter respeito mutuo é fundamental para que possamos ter um mundo melhor. “É de extrema relevância que a gente trabalhe com a diversidade religiosa. É salutar que respeitemos todas as religiões. O racismo, a intolerância, o desrespeito com a nossa ancestralidade está demais. Todas as religiões são boas. Depende de cada um se encontrar no seu lugar”, lembra a afro religiosa que também compõe o Grupo de Trabalho de Matriz Africana do Conselho de Segurança Pública do Estado.

A Secretária Especial de Direitos Humanos do Ministério da Justiça e Cidadania, Flávia Piovesan, afirma que o evento vai fortalecer o espírito de respeito e aliança. “Gostaria de parabenizar a iniciativa do Governo do Pará, em especial a Ouvidoria do SIEDS, pela promoção do seminário. Com certeza, esse momento somará conteúdo e dará força às discussões que também se estabelecerão na reunião descentralizada do Comitê Nacional de Respeito à Diversidade Religiosa que ocorrerá no Estado, parceria do Governo Federal com a Ouvidoria", destaca.

Ela ressalta que, no bojo dos eventos, também ocorrerá a instalação do Comitê Estadual de Respeito à Diversidade Religiosa, mais um mecanismo de participação e articulação para uma pauta tão importante. "Nos dias de hoje, faz-se imperativo fomentar o debate e promover iniciativas de respeito à liberdade religiosa e à laicidade do estado, haja visto o crescimento das denúncias sobre casos de violência e intolerância religiosa, como as que recebemos por meio do Disque 100”, detalha.

SERVIÇO:

Seminário “Diversidade Religiosa: Respeito à Religião também é um Direito”.
Dias: 10 e 11/10/2017
Início: 08h30
Local: Auditório A da Delegacia Geral do Estado do Pará (Avenida Gov. Magalhães
Barata, 209, bairro Nazaré, Belém - PA)
Informações: (91) 3184-2909 / 98843-7443
Site: www.ouvidoria.ssp.pa.gov.br / E-mail: ouvidoria.sieds@segup.pa.gov.br


PROGRAMAÇÃO

DIA: 10/10/2017

MANHÃ – 8h30

1) Mesa de abertura com autoridades;

2) Apresentação do Relatório do Grupo de Matriz Africana do CONSEP;
Expositora: Zélia Amador de Deus – Coordenadora do GT de Matriz Africana

3) Relatos de familiares de vítimas de afro-religiosos assassinados e casos de intolerância religiosa.

INTERVALO PARA O ALMOÇO – 12:00 às 14:00

TARDE – 14h
4) Apresentação do Relatório de Intolerância e Violência Religiosa no Brasil (2011 e 2015) pelo Comitê Nacional de Respeito à Diversidade Religiosa (CNRDR).

DIA: 11/10/2017

MANHÃ – 8h30

1. Mesa de debates – “A necessidade do respeito à Diversidade Religiosa”. Integrantes: Zélia Amador; Edson Katendê; Táta Kinamboj, Defensores Públicos Johny Fernandes Giffoni e Juliana Oliveira.

2- Reunião de institucionalização do Comitê Estadual de Respeito à Diversidade Religiosa no Estado do Pará.



Fonte: Site da Polícia Civil do Pará

Análise da decisão do STF que permite que o Ensino Religioso seja exercido de forma confessional

Ensino religioso vinculado a crenças:

Por seis votos a cinco, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram na tarde de quarta-feira que as escolas públicas podem oferecer aulas com professores representantes de religiões específicas. É o chamado ensino religioso confessional, em que os magistrados podem promover as próprias crenças no ambiente escolar. Na prática, um padre ou um pastor poderão ficar responsáveis pelos ensinamentos aos estudantes. 
Na rede estadual de Santa Catarina, as aulas de Ensino Religioso são ministradas em escolas públicas do 6º ao 9º ano por cerca 800 professores — todos formados em Ciências da Religião com licenciatura em Ensino Religioso, que é um pré-requisito no momento da seleção. O modelo não-confessional, que é o oposto do que ratificou o Supremo, é adotado há mais de uma década e tem respaldo em um decreto e uma lei estaduais. 
Na entrevista abaixo concedida ao Diário Catarinense, o coordenador de ensino religioso da Secretaria de Estado da Educação de Santa Catarina (SED) Élcio Cecchetti comenta a decisão recente de Brasília, que considera "um retrocesso sem igual". O professor de ensino religioso e coordenador do Fórum Nacional Permanente de Ensino Religioso também adianta que o Estado não irá adequar-se a ela. Confira:

Terreiro de Mãe Thaiana, em Souzel, exibe o Tela Negra

Instituto Ramagem participa do Tela Negra em Souzel
 
No dia 28 de setembro de 2017, o Instituto Ramagem cooperou na promoção do Projeto Tela Negra, desenvolvido na cidade de Senador José Porfírio, conhecida simpaticamente como Souzel, na casa de cultos afro-religiosos “Terreiro de Xangô Caô”, liderado pela sacerdotisa Mãe Thaiana.

 

O Tela Negra consiste em exposição gratuita de filmes etnográficos com temáticas da diversidade étnico-racial, é promovido pela Coordenadoria de Educação para a Promoção da Igualdade Racial da Secretaria de Estado de Educação do Pará (COPIR/SEDUC) como estratégia de complementação de currículos escolares e de implementação da Lei 10.639/2003, que instituiu a obrigatoriedade do ensino de história e cultura africana e afro-brasileira na Educação Básica, visando combater e superar o racismo.
 
 
Foram exibidos o desenho animado “É bom saber: racismo religioso”, que mostra os preconceitos que alunos/as afro-religiosos sofrem nas escolas e aponta para a necessidade de reconhecimento das diferenças e do respeito à diversidade religiosa; e o documentário “Trilha Afro-Amazônica e seus símbolos”, que compõe o projeto elaborado pelo Museu Paraense Emílio Goeldi, onde sacerdotes e sacerdotisas de várias nações das religiões de matriz africana apresentam elementos da flora do Parque Zoobotânico do Museu e seus significados filosóficos, teológicos e culturais.
 
 
 
Diante de uma acolhida tão generosa, que, além das lideranças do Terreiro, contava com crianças, visitantes e professores/as que participavam do curso Afro-Pará – Formação de Professores/as em Ensino das Africanidades, também promovido pela COPIR, pode-se registrar o anseio de seguidores/as das religiões de matriz africanas de serem respeitados/as, não apenas tolerados/as, pela sociedade.